sábado, 17 de março de 2007

Os pequenos imperadores chineses

Quando pensamos nas políticas de controlo de natalidade chinesas, aplicadas na década de 70, vem-nos à memória um conjunto de práticas que preferíamos que nunca tivessem acontecido.
Mas a propaganda ao filho único arrastou-se no tempo e tem hoje consequências que, pelo menos há uns anos atrás, não lhe associariamos de imediato.
As políticas de natalidade criaram gerações de rapazes sem irmãos, mimados, super - protegidos e sobre - alimentados, os já chamados "pequenos imperadores chineses". Hoje a obesidade em crianças é 100 vezes mais comum naquele país do que em 1985. Embora associado com alguma relutância às políticas restritivas do passado, este fenómeno preocupa as autoridades chinesas.

Estas crianças exercem um poder notório no seio da sua família e tal está já a ser explorado por empresas do ramo alimentar que desenvolvem produtos de confeitaria e produtos tipo snack que apelam a miúdos e graúdos.
Chupa-chupas giratórios de 5 sabores e latas de bolachas que se convertem em mealheiros são apenas alguns exemplos de originalidade.

Poderá algo de semelhante estar a acontecer em Portugal?
A verdade é que a taxa de natalidade tem vindo a diminuir, ao contrário da obesidade infantil...
A própria arte de mimar parece distorcida, com rebuçados a substituir carinhos.

Mas não será uma prova de amor aos filhos providenciar-lhes uma alimentação saudável?

1 comentário:

Rafael de Souza-Falcão disse...

bem, aqui está um excelente artigo a chamar a atenção para políticas que protegem o AGORA, menosprezando o DEPOIS. Sem dúvida que as decisões e restrições à natalidade impostas (não só propagandeadas, Carolina!) às Mães chinesas tiveram consequências imediatas. Estavam longe, contudo, de pensar que 30 e 40 anos depois essas políticas iriam provocar tamanha alteração na própria hierarquia familiar, onde o filho adolescente assume cada vez mais um papel preponderante nas decisões de foro familiar.

Temos ainda as consequências para a saúde, onde é de salientar a enorme preponderância que as crianças chinesas possuem para a obesidade e excesso de peso. Não podemos, contudo, associar estas doenças exclusivamente às políticas anti-natalidade de 70's. Olhando à nossa volta, europa e américa em particular, podemos confirmar que a sociedade dos países ditos evoluídos caminha no mesmo cenário: os pequenos infantes são cada vez mais autoritários, fazem e comem o que querem.

Eis que surge o frio marketing, que descobriu esse rentável filão! pois é, os estudos de mercado servem para isso mesmo, para que as empresas se apercebam das necessidades e debilidades do público-alvo. O problema aqui é que a estrutura já está implementada! e bem! qualquer iniciativa para inverter a situação será encarada como retrógrada... sem querer pessimista (longe de mim!), vão-se habituando a essa ideia!

As medidas impostas em 70's tiveram, têm e continuarão a ter, graves consequências psicológicas para os afectados: senão imaginem-se numa cidade onde pessoas do sexo feminino... quase só as nossas Mães!

Bom, vai já longo e demasiado generalista este comentário, quero só dar os meus parabéns às autoras pelo esforço que um blog deste tipo representa! incentivo-vos a continuar!

Um beijo! (não!!! um rebuçado...)